compartilhar

sábado, 10 de março de 2018

"Verdades" e "mentiras" ?

“Verdades” e “ mentiras”

Pode-se falar em honestidade se nem mesmo sabemos o que ou quem somos? 

Estou inclinada a pensar que não existem verdades e nem mentiras absolutas; no máximo, circunstanciais, superficiais e fragmentadas.

Para haver honestidade radical teria que haver uma Verdade Absoluta. Se assumirmos  que podemos conhecer/entender/expressar essa verdade absoluta,  na condição humana  ,   completamente; talvez  não fosse esta   então  uma grande mentira?

Se tivéssemos conhecimento sobre tudo e sobre todos – principalmente sobre nós mesmos, ai sim, talvez, pudéssemos  começar a falar disso . Mas se nem mesmo sabemos o que/quem somos – isso sem falar em todos os motivos subconscientes e inconscientes e talvez até interdimensionais, o que podemos fazer? No máximo assumir certas hipóteses temporárias que a qualquer momento podem ser trocadas, desmoronadas e substituídas?

Quando acho que não posso fazer algo e depois acho que posso – e faço; qual é a mentira e qual a verdade? Sempre é possível mudar o conceito de nós mesmos e do mundo; e é o que fazemos. Sempre há uma nova teoria ou crença ou desejo derrubando o anterior. Então o que é verdade? E sem ter acesso total  a essa verdade , de que tipo de honestidade estamos falando?

Não seria  um passo “ honesto”  admitir que não é possível ser honesto na ignorância de fatos, de si mesmo, do mundo, dos “outros” ?  No  máximo um “assumir” ou “oficializar”  um faz-de-conta de certas coisas que, num dado momento circunstancial, parecem  mais "plausíveis"  que outras. Só isso.

Se digo que sou deste ou daquele partido, pais, religião, orientação sexual, etc não estou apenas falando  da forma , de uma situação temporária? Pois no minuto seguinte as escolhas podem ser totalmente diferentes. Se é que já não havia certa dúvida, conflito ou divisão no dia anterior.

Então o que é Verdade? E honesto em relação ao que e a quem? Honesto a uma            “ versão oficial”? A uma versão talvez “escolhida” ou consentida num estado de loucura? De medo e confusão? De esquizofrenia espiritual?

Lembro-me de um artigo: “ Quando uma mulher  “mente” sobre sua idade ela pode estar falando a “ verdade” ? Sim, o que é idade? Um número num documento de papel ou o estado biológico e psicológico daquele individuo?  Ou  nenhum dos dois?
Quantas versões existem sobre o mesmo fato? Quantos níveis existem? Ser  100% honesto implicaria que há apenas uma versão e um nível  e que conhecemos tudo inteiramente.

Pode alguém gostar 100% de alguém o tempo todo, ou desgostar 100% de alguém o tempo todo? Quando a “adolescente insegura” diz para as amigas que tem um namorado -  que talvez não tenha uma manifestação física naquele tempo-espaço aparente;  não poderia estar falando do nível do desejo, da esperança ou até de uma dimensão paralela onde esse namorado está? Ou quando a dona-de-casa  que se acredita empobrecida diz que tem uma residência  na praia ou no campo , embora esse imóvel  não seja visível fisicamente naquele instante?   O que é mais honesto: acreditar na “falta” ou acreditar num “ preenchimento”, embora este  possa não ser visível naquele nível ou percepção ?

Acaso o nível da “fantasia”- do desejo – do medo – da imaginação -  não é tão seu – ou até mais seu – do que o nível das aparentes manifestações físicas externas ?
Ontologicamente, então, para sermos honestos teríamos em primeiro lugar saber quem/o que realmente somos; e sermos apenas isso o tempo todo.

Filosófica e religiosamente falando, fica mais complicado ainda. Para  aqueles que acreditam que há um Poder Criador Universal ou supremo e que esse Poder é Harmonioso ou Amoroso , então qualquer percepção de desarmonia, doença, medo, morte, falta, etc seria uma grande mentira: contra o criador e contra a criação.  Se esse Criador é Espiritual e Perfeito e eu me acredito um corpo mortal e aos outros, não estaria então mentindo descaradamente?

Será que ser honesto consigo mesmo é a única forma possível de honestidade  e significa ser leal à sua  Essência Pura , Imutável e Perfeita, muito  além da “forma” , personagens e das máscaras; e de toda parafernália de circunstâncias, estorinhas e dramas inventados para preservar e justificar essa “persona manifestação” físico emocional?


Um comentário:

  Por que estou aqui? Provavelmente porque não sei,  ou não lembro de como estar num lugar melhor.   O atoleiro, o buraco, não é nem o d...