As controversas palavras-conceitos “amor” e
“deus”, suas interpretações absolutamente pessoais; e algumas possíveis implicações .
Parte I
As palavras “amor” e “deus’ podem significar um milhão de coisas ( boas,
ruins, maravilhosas, horríveis e todas as graduações intermediarias) ; ou
nenhuma : acabam ocas e desprovidas de significado. Não seria melhor cada um
dar definições do que representa seu
Bem/Bom; mesmo que fosse mais baseados nos atributos e nos frutos, do que
utilizando palavras tão amplas e confusas ? Por exemplo, ao invés de dizer eu
quero “amor” ( que pode ser tantas coisas ou nenhuma) expressar: quero
harmonia, alegria, bem estar, vivenciar situações estimulantes e agradáveis,
etc ? Pode não ser tão ....Profundo, mas talvez seja mais claro , significativo
e pessoal.
É claro que a ideia de um “ Afeto/Condição/Deidade/Poder, Conexão”
perfeitos com a Fonte de todo Bem e Harmonia e Felicidade , parece ser um
desejo e um sonho dos mais anelados. Quem não quer acreditar/aceitar benções
infinitas, emoções maravilhosas e o Paraiso Eterno?
A pergunta é: será que este “Éden” esta bem expressado com as palavras
“amor” e “deus”? Poderíamos usar termos mais específicos, menos contaminados e mais individualizados?
O alcançar e vivenciar plenitude,
gozo, êxtase, harmonia, poder, inteligência, alegria, beleza, suprimento,
prosperidade, e tudo de Bom/Bem que se possa imaginar, etc de preferência
eternos, é sem dúvida muito desejável e muito nobre. Com diferentes nomes e
definições é isso o que mais desejamos, ou não?
Seriam as palavras “amor” ou “
deus” apropriadas para denominar esses
atributos ? Creio que os dois conceitos
estão ontologicamente relacionados. E
também penso que as palavras “amor” e/ou “ deus” não são adequadas para
referir-se a uma condição paradisíaca e transcendente.
Talvez para alguns, “deus/amor” sejam os atributos acima mencionados: a
Fonte do melhor do melhor; e muito melhor ainda; a mais Pura Essência, a Matrix
do Bem.
Porém para muitos, essas palavras estão tão gastas, associadas a violência e loucura, mal
empregadas e carregadas de todo tipo de
barbárie e carência .
São os termos “amor” e “deus” equivalentes? É o “amor” um estado de
conexão permanente com o Bem? O próprio Bem transcendente e eterno? Será que culturalmente, historicamente e
arquetipicamente, todos fazem essas ligações? Ou só alguns? E se fazem não poderiam simplesmente usar o termo: “ um estado de
conexão permanente com o Bem”?
Parte II
Vejamos alguns casos e ideias onde essas associações e conceitos
mostram-se muito diferentes e/ou mesclados.
1.
Se acreditamos
num “deus” criador do mundo e olharmos para o mundo ( e aqui nos deparamos com a confusão entre o “mundo” – se é que há um
mundo independente – e as distorções mais ou menos doentias e contaminadas que
temos do mesmo . E como, pelo menos a grande maioria das pessoas que se
acredita no mundo “terra-físico-mortal” tem uma quantidade considerável de distorções
projetadas no “mundo”, digamos que este
não parece um paraíso e nem chega perto disso. Pois bem,
se enxergamos e vivenciamos dor, desgaste, doença, morte, perigos, fragilidade... e tantas outras misérias ,
então a conclusão que se tem é: que “deus” é esse, que criou/cria essa gama de
horrores? Mas existe o tabu de “amar a deus”,
não importa o que este tenha feito ou faça; pois se não o fizermos tudo
pode ficar pior ainda . As duas palavras estão muito maculadas, vinculadas e mal usadas .
Se há um “deus” que fez o mundo do pó e da dor, mais se parece a um demônio . Os gnósticos cristãos criaram o termo “demiurgo” ou meio-deus,
falso deus – uma “força” poderosa e mentirosa, responsável pela criação ( ou
ilusão) de um mundo físico bruto, cruel e mortal . Não pode ser o “Deus”
verdadeiro o criador dessa barbaridade chamada “vida terráquea “ . É provável que esse
tal “demiurgo” seja a parte escura /ignorante de nós mesmos, que não é parte coisa
nenhuma, mas uma tentativa de cobrir ou matar a Luz ( Verdade, Entendimento,
estado de Unidade com o Bem ) . Mas, afortunadamente, ( como diz a Bíblia
quando interpretada simbolicamente e o Curso em Milagres – entre outros) -
parece ser somente uma “ilusão macabra”; o Céu continua muito bem e
perfeito obrigado, e toda essa parafernália terrífica não passa de uma alucinação de mal gosto
dentro das nossas “ mentes equivocadas “ ( que podem se curar , Ainda Bem
!!!!!)
Então se a palavra “ deus” está tão gasta e contaminada, por que não
usar outras palavras menos manchadas e que ofereçam associações e evocações
mais limpas e saudáveis ? Vou tentar algumas: Poder Criador Harmonioso, Mente
Perfeita, Inteligência Absoluta, Beleza Pura, Eternidade, Infinidade Feliz,
Felicidade Plena, Paraíso Eterno, Mente Infinita, Delícias sem fim feitas de
Eternidade, Mundo das Causas Perfeitas,
Matrix Divina etc
“E muitas vezes as palavras “deus” e “amor” são usados como
equivalentes: “ deus é amor” : a confusão então está completa . Se o suposto criador de um
mundo bruto, carregado de destruição e sofrimento, feito de pó e mortal, e
cheio de terrores é “amor”, então esse tal de “amor” não deve
ser boa coisa.
2.
Quantas vezes a palavra “amor” não é associada a
situações “demoníacas”: tem algo te machucando ( pode ser que você mesmo o
tenha “criado/consentido” , mas você não lembra; e se o fez isso foi/é sem dúvida fruto de um grande equívoco ou
situação patológica ) – pessoas/situações
parecem estar te causando dor , mas você não tem nem o direito de “ficar
zangado/com raiva”, você é adestrado a “amar”
essas pessoas ( ou deuses) não importa o que eles façam ou a dor que pareçam
infringir ; se você não “amar” esses monstros estes podem fazer coisas piores ainda, e
continuam sendo “santos e maravilhosos”
.
Não é isso o que as pseudo-religiões e
pseudo-famílias/sociedades
pregam? E não está o mundo, ou a
paródia que se tem do mesmo cheio de pseudo...tudo ?) Não é essa uma das grandes mentiras repetida
situação após situação? Então esse
“amor” seria uma emoção fruto do
medo/pavor de ser castigado, abandonado,
ou sofrer ainda mais; uma forma de amortiçar/apaziguar os deuses do inferno ( de
emoções e crenças mentirosas e patéticas
) ? Como você pode amar ( gostar) de algo que parece estar te fazendo
mal ? Eu entendo que os inimigos estão dentro de nós, mas a coisa está tão profundamente escondida e disfarçada, e
foi feita num estado tão escuro e doentio, que parece estar fora, foi projetada
“lá fora” . Em última instância como
posso “amar”/gostar de algo que está me fazendo sofrer, mesmo que o autor disso
seja eu ? Estamos diante de uma fábrica de
sadomasoquistas ? Me maltrate, me destrua, me faça pensar que sou um
bonequinho mortal de pó .... que eu “gosto”?
3.
Outra associação muito infeliz de “amor” é justamente
a falta desse Bom/Bem maravilhoso que tanto anelamos. Deriva-se que se o “amor” é bom...então seus
efeitos deveriam ser ...Bons , Excelentes .Se eu “amo” .....deve ser porque
isso faz bem e me faz bem – e aos outros,
sejam coisas ou ambientes. Mas se eu
“amo”, dizem que me “amam” e tudo
continua digamos muito aquém de uma vida digna e feliz, então esse tal de
“amor” ou coisa boa não é, ou não tem utilidade ou é muito impotente. Se fosse
“bom” seria prático e seus efeitos seriam visíveis e contundentes, ou não?
Provavelmente não é “amor” coisa nenhuma, mas um
amontoado de sentimentos confusos baseados em mentiras ( de todos os tipos,
principalmente ontológicas ) .
Não tenho a menor ideia do que as palavras “amor” ou “deus” significam,
mas sei de algo: não deve ser nada daquelas coisas horríveis às quais parecem
estar associadas, ou que eu ( e tantos outros )
associamos . Então por que não usar outras palavras mais
práticas e úteis? Não precisam ser tão abrangentes e vazias ao mesmo tempo.
Podem ser parciais, porém mais cheias de valores bons e harmoniosos. Se em vez
de “amor” usarmos: Bem, Bom, Verdade, Felicidade, Harmonia, Afetos Agradáveis e
Leves, Luz ( entendimento), Liberdade Sabia; Beleza ; alegria, brincadeiras, risos, trocas gostosas
e divertidas, etc
As palavras são muito pessoais, as associações ( e distorções) mais
ainda. Vamos dar as pessoas o direito de espressar o que é
significativo para cada uma delas ? Aquilo que representa um bem para elas?
“Escolher entre o amor “, “ amor incondicional” . O que significa amor para cada pessoa em
particular? Para cada situação em
particular? Por que não dar essas opções? Para aqueles que associam o “amor”
com essa miríade de infelicidades que eu citei acima, olhe .... estou quase que
mais inclinada a escolher “ abobrinha cor de rosa” ou “gafanhoto dourado”
.
Escolher esse tal de “amor” pra
que, a menos que este traga felicidade, prosperidade, cura,
elevação , etc ? Então não seria mais
lógico escolher diretamente : Felicidade,
Prosperidade, Harmonia, Saúde,
Alegria, etc? Vamos ser honestos, claros e pragmáticos: eu
escolho e quero a felicidade, o bom e o bem e o bem-estar, a progresso, o
êxtase, a beleza, etc é isso que eu quero e não esse tal de “amor” associado a infelicidade, impotência e
sofrimento .
Para aqueles que associam “amor” e “deus “ com coisas verdadeiramente boas e
completas, suponho que ok de usar estes termos. Mas quantas são as pessoas que
fazem essa associação? Que tem essas referencia? Ou quantos não estão se auto
enganando? Fingem desejar/sentir o “ amor” e “ amar a um deus “ para não se sentirem privados do “bem” que
acreditam ter ? Ou para se sentirem menos
culpados? Ou menos sozinhos?
Acaso não merecemos um Bem completo e Eterno? Não somos parte integrante
do Mente Infinita Criadora? Talvez as
aberrações de mortalidade, fragilidade e dor sejam somente um sonho louco em
nossas mentes enquanto estas se deliram separadas do Absoluto . Poderíamos substituir
as palavras “amor” e “deus” pelo termo Absoluto?
Que cada um faça suas escolhas, mas principalmente que encontre seu ser paradisíaco ....Absoluto !
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