Consertar/remendar a “máscara”
ou desvendar o” Verdadeiro Ser”?
Qual o intuito dos jogos e procedimentos pedagógico terapêuticos em
geral? Tentar consertar/remendar/aliviar a máscara – o personagem – a nível da
máscara ; ou facilitar/estimular o
transcender essa ideia limitada de si
mesmo? O que podemos entender por “cura”
ou “ instante santo” ? Não dependerá daquilo que estamos tentando “consertar”
ou “ revelar” ?
A Essência deve ser
perfeita, pelo menos esse é a esperança e expectativa; mas a
percepção/conhecimento da mesma, não necessariamente; muito pelo contrario. Se
o que enxergamos são os bloqueios ,medos
e distorções, então estamos realmente enxergando? Ou
simplesmente delirando? Não estaria me afogando em minhas próprias imagens fragmentadas?
Um processo está
ligado ao tempo. A mágica – ou milagre – deve ser o transcender do tempo – ou pelo
menos uma percepção mais curta e fácil do mesmo . Quanto melhor a tecnologia, mais
rápido o processo. Quanto menos interferência, mais direto e preciso.
O instante santo
poderia ser a consumação ( casamento), a união com meu desejo ; o transcender a dificuldade (
ideia de estar separada do que quero ) e
o unir-me ao meu bem/Bem. A visão de que
não estou separada do Bem ou Unidade Harmoniosa e Perfeita. Não só não estou
separada da Fonte de Harmonia e Beleza e Eternidade, como sou parte integrante
e formante da mesma.
Seria o processo uma
estorinha para alimentar, sustentar, justificar e até idolatrar o tempo; e o
ego mortal? A “novela”
como uma forma de outorgar poder
à criatura já que ambos estão intimamente ligados. A criatura
precisa do tempo para delirar que existe; o criador/Criador está além do tempo.
As coisas ocorrem por
causa do processo ou apesar do processo? Ou será o processo apenas uma
justificativa – no nível do ego/criatura
mortal – para tentar se convencer de que é real e é importante: e de que o que
ocorreu foi por causa deste?
O que poderia ser o
“instante santo”? Suponho que uma porção de coisas e em distintos níveis. Por
“santo” poderia entender-se algo puro, não contaminado, verdadeiro, harmonioso.
Como um “instante” não por ser ou estar no tempo ou limitado por este, mas além
do tempo. Um instante santo seria como um fragmento de Eternidade. E não esta
a Eternidade além do tempo?
Um instante santo
também poderia ser um momento de transcendência, uma aproximação da Essência,
onde o personagem – figura presa e projetada no tempo/espaço-pessoalidade: com
todos seus dramas, medos e “versões” – é transcendido; e a Consciência percebe-se
muito maior, livre e feliz que aquele “recorte de “ser”” . Ela é o produtor (
inclusive do personagem) e não o produto ( o personagem). Um instante santo
poderia ser o reconhecer as coisas pelo que elas são: o produtor e o produto.
Assim como o carpinteiro pode fazer uma mesa ou dez mesas; o pintor inumeráveis
telas; o costureiro diversos vestidos, etc. Até ai temos apenas uma expressão, e
pode ser até interessante e divertido . Mas imaginem se o carpinteiro acha que
é a mesa ou o prego; se o pintor acha que é a tinta ou o pincel; se o
costureiro se identifica e confunde com os botões ou rendas que usa. Ai afundamos na insanidade, ou não? Então porque a Consciência criaria
personagens e acabaria acreditando que é eles? Não é isto também uma distorção
e um desequilíbrio?
O tempo parece mais longo
quando a “tecnologia” é lenta, portanto está ligada à ignorância ou
desconhecimento. Quanto mais lento o processo ou a tecnologia, este não saber fazer parece aumentar o tempo ou
valer-se deste. Até mesmo a nível “ terráqueo” temos infinitos exemplos: quanto
demorava para fazer uma ligação internacional há 50 anos, há 20 anos e
atualmente ? E para atravessar um oceano?
Se vale até a “nível da matéria”,
deve valer para todos os níveis.
O tempo é o aliado dos
estados ilusórios e um ídolo em si mesmo; o tempo e a fisicalidade. Talvez
feitos (delirados) para alimentar a ideia dos personagens movendo-se num espaço
bruto e geralmente agressivo e em seus dramas e pseudo alegrias pessoais:
de pessoa/persona/máscara.
O tempo é um aliado e
uma ferramenta para que a máscara pareça o “ser” e esconda a face do produtor.
Quanto mais máscara, mais lento o processo e mais tempo parece ser utilizado.
E o que poderia ser a
cura? A aproximação de um estado santo, puro, onde a doença/idolatria é impossível de existir; ou até mesmo de ser
fantasiada? Então a cura deve ser o sair
do falso eu – da persona/personagem – e adentrar-se no eu livre e eterno, além
do tempo/espaço/neuroses. A cura seria mais bem um desfazer das mentiras
(ontológicas)/bloqueios/delírios, etc. que tentam esconder o ser nas máscaras
(personagens). Talvez um reconhecer que o criador é muito maior que
a criatura e não confundir as coisas, nem se perder nos produtos , já seja um ótimo começo.
Qual o intuito
dos jogos procedimentos pedagógico
terapêuticos em geral? Tentar consertar/remendar/aliviar a máscara – o
personagem – no nível da máscara; ou facilitar e promover o transcender
essa ideia limitada e conflitante de si mesmo?
É reforçar a
persona/ego mortal passando um pouco de maquiagem, e criando teologias que justificam e
idolatram a criatura ? Ou é ir além
dela, promovendo a percepção do ser muito maior e além da máscara; muito mais
amplo livre e poderoso?