Meios, ferramentas
ou fins em si mesmos ?
Qual a função das religiões, igrejas, terapias,
rituais, filosofias, jogos didáticos e não didáticos? São eles um fim em si
mesmo, ou apenas meios e possíveis mapas para se atingir um estado mais pleno e
harmonioso?
Se a forma é apenas um
meio.... assim como um mapa ou uma ferramenta, qual o melhor ? Aquele que você
consegue acessar naquele “instante” e que te leva para onde você quer ir? Mas
para onde você quer ir ? Ou aquele que te leva para um estado melhor, mais livre e verdadeiro e próximo da sua essência ? De preferencia os dois: escolher ir
para um estado/condição mais pleno e usar o meio que melhor funcionar ?
É possível que perdido no
deserto as estrelas sejam um bom mapa, ou a posição do sol. Em outras
circunstâncias uma bússola ou um mapa de papel. Sim, um GPS ou um Waze podem ser excelentes, desde que você tenha bateria e acesso à
internet, caso contrário não teriam nenhuma serventia. O movimento dos ventos,
das aves, dos mares; ou da bolsa de valores?
“Talvez
“discutir” “ religiões” ou “terapias” seja a
coisa mais inútil do mundo: afinal “ re – ligare,” como você vai se reconectar
com a sua essência, ou com um estados/circunstâncias/identidades mais
agradáveis e harmoniosos, é apenas um meio . Qual seria o melhor meio? Não
seria aquele que você consegue acessar e que te dá resultados positivos naquele
instante/circunstância? Aquele que eleva sua qualidade de vida ( interna/externa) e te aproxima de bens
maiores?
Alguns precisam ir a
uma igreja de pedra ou cimento e dirigir-se a um suposto “ser” ( fora?) que
lhes concederia “favores” ou suavizaria “castigos” . Outros criam
conceitos como destinos, carmas,
causa-efeito, evolução, propósito, ciência ( oficial e paralela , incluindo
todas as psicologias, terapias e afins ) ; uns usam jogos, que podem ser muito
úteis – como o Miracle Choice ; outros
dançam e tentam entrar num transe ; há os que ingerem substâncias psicodélicas ; outros
antidepressivos ou remédios da moda ;
alguns vão à “santa academia” religiosamente, e ouvem as “ santas notícias”,
religiosamente. Há os que meditam ou vão surfar; os que comem carne e os que
odeiam os que comem carne. Outros compram
e exibem produtos de marca, colecionam carros, amantes, trocam de amantes e amores;
muitos gostam de visitar lugares tidos como “sagrados”, Índia ou Stonehenge, templos e catedrais . E há os que preferem os clubes e concertos ; os que vão salvar o planeta, ou
destruí-lo. As artes e os artistas . E os
que atiram para todo lugar para ver se alguma coisa funciona , ou funciona
melhor . Há os deuses internet, “googles”, redes sociais, pensamento positivo; relacionamentos cinderelicos ; boa aparência, fitness e “ vida saudável “ ;
dinheiro , bens e fama ; sexo, comidas e bebidas ; aprovação alheia . Há modas e tendências, os deuses em alta e os
deuses em baixa ; os bons e os maus . Os
antigos e os modernos.
Há infinidade e infinitude de santidades e ídolos
e métodos , mas não são eles
apenas meios para se atingir um “ estado/emoção/identidade’ mais satisfatório e
harmonioso ? Ou são eles um fim em si
mesmos ? Estão eles
sendo erroneamente elevados ao status de
ídolos e deuses quando na verdade
são possíveis meios ou ferramentas ? Sim,
possíveis; pois uma ferramenta só é útil se funcionar e enquanto funcionar .
Esse panteão de “divindades “ de pó -
forma, objetos como que independestes (
mesmo os sofisticados) e “fora” estão nos servindo ou estamos servindo a eles
na esperança de alívio e salvação? Por outro lado eles podem ser bastante úteis
como meio, mapa e ferramenta . Enquanto isso estiver claro e o fim desejado for
alcançado ou facilitado, então pode-se
usar um ou vários . Tudo o que puder ajudar, é bem-vindo . Mas qual fim desejamos
alcançar ?
Há os que tentam
comprar a “salvação/solução “ com
ofertas, com sofrimentos, com vidas miseráveis ou glamorosas, com vinganças e
vitimizações ou ” vilanizações “; com rituais, com pensamentos, sentimentos e
encenações, etc. ); os que tentam usurpar a salvação , como se ela não lhes
pertencesse e precisasse ser roubada ; os que tentam “ merecê-la” e que muito se parece aos que tentam compra-la , etc.
E os que
simplesmente a aceitam como um direito seu e inalienável : sem rituais, sem pagamentos, sem demoras ( pois o tempo também pode ser uma
forma de moeda ou tributo ou ídolo ) e
principalmente, sem sofrimentos.
A própria identidade
humana, o que se chama e fisicalidade, planeta terra e o universo inteiro
poderia ser um constructo gigantesco, um meio ou um falso ídolo para se atingir
alguma coisa, como sugere O curso em milagres? Mas para atingir o que? A liberdade o “Ser “ ou a escravização do ser
adorando imagens que parecem “ fora” e com vida própria ? O “
Ser” não seria completo em si mesmo sem
precisar de simulações macabras de vida e morte, de pagamentos e
cobranças, de ter que provar ou fazer alguma coisa ?
O Ser -
Mente Infinita – ou o nome que quiser lhe dar - , as mentes na Mente,
precisam de ídolos e deuses fora? Ou são completos em si mesmos? Podem criar e
brincar? Suponho que sim – que o “
universo” seja uma amostra disso; mas precisam esquecer de
Si mesmos e se prostrar a imagens de pó ? Precisam de “estórias “ violentos e doloridos , de desarmonia e
conflito? Pode - se brincar sem machucar e sem se machucar, distinguindo a “simulação”
da Realidade Eterna e Infinita ? Pode-se brincar de uma forma pacífica,
tranquila, harmoniosa, bela e divertida ?
Qual a função das terapias, rituais, igrejas, filosofias,
jogos didáticos e não didáticos?
Remendar, ajustar – “normalizar “ os ídolos ou
desvendar o Ser acima de todos os ídolos ?
Mas não é a linguagem também um meio e uma
representação ? Para as terapias que usam a linguagem, não seria interessante
personaliza-la? Afinal há palavras tão
gastas como amor, deus, verdade, lar,
pátria, família, saudável , realidade,
etc todas as palavras....não seria
interessante perguntar ao jogador : qual a sua ideia mais elevada de bem, de
harmonia, de bom ,de paz ? etc E ele poderá
começar nomeando lugares paradisíacos, relacionamentos felizes,
diversão, posses , etc e talvez tudo isso seja mais significativo do que a
palavra deus ou amor . São meios, ainda estamos na forma, mas se isso conseguir
permitir uma fração de conexão com a Essência, já terá cumprido um bom papel
como meio. E qual a função do meio senão
a de levar ao fim para o qual foi designado?
Qual fim você quer designar ao facilitar ou
ser facilitado numa prática de autoconhecimento? Qual fim você quer designar para aquilo que
chama de “eu”, “mundo” e “outros” ? Talvez essa seja uma das escolhas mais
importantes que possa fazer .