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sábado, 9 de junho de 2018

As “fraldas/pinico” dos cavalos de Poços de Caldas


Os cavalos usam fraldas em Poços de Caldas?  De certa forma...




O que fazer com toda “bosta” emocional e mental? Deixá-la guardada fermentando e empesteando nossa vida,  ou reconhece-la como tal e descarta-la em lugar adequado?


Emoldurada entre morros verdes e jardins bem cuidados, a cidade  guarda o glamour e a elegância de tempos passados.  A  primeira impressão poderia ser  uma viagem aos anos 50, onde casais em núpcias  , ou não, deslizam ao som de boleros em elegantes trajes de festa.




O rural e o bucólico; o antigo e o moderno; uma calma ligeiramente agitada e uma agitação calma  parecem coexistir sem  se incomodarem , auferindo um certo torpor, enquanto apreciamos a  montanha  que é cidade e a cidade que toca a montanha. Nem grande e nem pequena, porém confortável e bem servida.



 Muito limpa, até os cavalos  que  puxam as tradicionais carruagens são asseados  e sua “bosta” devidamente recolhida  e utilizável. Sim, eles usam uma espécie de coletor, algo entre uma fralda e um pinico, que  a  recebe  adequadamente  , destinando-a a transformar-se em esterco e adubar os belos e floridos  parques e jardins.



E o que fazer com as bostas emocionais e mentais? As ideias poluídas e doentias? A mentalidade de escassez, vítima/vilão, violência e fracasso? O medo e os ataques?  O sofrimento de todos os tipos? Todos hão de convir que é uma grande  m ...., pelo menos no seu estado bruto.  Vamos reconhecê-la e recolhê-la adequadamente para ser devidamente eliminada ( ou quem sabe transformada em adubo ou   em combustível ) ?  Ou vamos guarda-la deixando que apodreça e  infecte e bloqueie   nossa vida  e o ambiente em volta?

Se  pensarmos em termos físicos, magníficas invenções  os banheiros e   privadas: os dejetos são devidamente descartados , seguidos de uma boa descarga, talvez um pouco de desinfetante e até um perfume em aerossol; e logo procede-se a lavar as mãos com sabonete, ou banhar-se -   ( e Poços de Caldas é um excelente lugar para  banhos termais, talvez até  os simpáticos cavalos tenham  acesso a esse conforto)-  podendo finalizar a operação com um pouco de álcool gel e um creme hidratante; ou até uma boa massagem.



E emocionalmente? Temos um sanitario  onde descartar o que já não  serve ( e talvez nunca tenha servido) , dar descarga e lavar a mente e as memórias? Se não temos talvez esteja na hora de criar uma.

Não basta ter privada, é preciso saber para que serve;  dizem que os mongóis ao invadir a Europa  lavavam as mãos nas latrinas . E não basta saber para que serve  se não soubermos o que é bosta e o que não é: o que deve ser descartado e desinfetado; o que deve ser reciclado e/ou modificado; e o que convém preservar.

E se a mente continuar a produzir excremento? Bem, suponho que as coisas devam ser realizadas simultaneamente: a revisão do que a mente está produzindo e o devido descarte do que já foi produzido e  erroneamente “armazenado” ; ou o sujeito poderia afogar-se em seus próprios dejetos até que já não fosse  possível ver-se ou  vê-lo, senão a toda essa sujeira  fabricada e acumulada. E, tragicamente, este ser poderia acabar identificando-se ( e até adorando)  com todo esse lixo que não é ele; e chama-lo de “ eu” e de “santo” e de “mundo”   e de “necessário e caminho” , até quase” morrer” para sua verdadeira essência, que supõe-se seja  pura , livre - e feliz.

 É natural acreditarmos que a verdadeira “Essência” está muito acima de todas as calunias e distorções  que se inventam   sobre ela e parecem macula-la ;  mas o sujeito-consciência poderia passar momentos muito difíceis – e desnecessários – enquanto se  confunde com a bosta e o lixo que ele/a – inconscientemente e/ou patologicamente – está imaginando e delirando.



Assim como os cavalos de Poços de Calda – (   que felizmente estão  sob a custodia da Sociedade Protetora dos Animais; tem supervisão, trabalham meio período, são bem alimentados  e ficam livres num campo nas horas de lazer)  -  coletam seu estrume  adequadamente,  satisfazendo suas necessidades e mantendo a cidade limpa e os jardins adubados , não valeria a pena providenciarmos uma “privada emocional” onde descartar tudo o que não presta( e talvez nunca tenha prestado)  e logo dar descarga e jogar desinfetante e lavar-nos?  E  ao mesmo tempo analisarmos o conteúdo de nossas crenças, memórias e visões de mundo de modo a torna-las cada vez mais saudáveis, úteis e produtoras de felicidade e transcendência ?  





  Por que estou aqui? Provavelmente porque não sei,  ou não lembro de como estar num lugar melhor.   O atoleiro, o buraco, não é nem o d...