Só porque fiz uma escolha inadequada num momento vulnerável, não preciso viver com ela até o resto dos meus dias . Preciso?
Que fazer com os escombros e restos de escolhas inconvenientes?
Hoje tive o prazer de
visitar uma amiga e aprender tanto com ela. Entrei na casa e fui recebida com :
- Je suis désolé.
- What happened? – retruquei . Gostaria de ter mantido esta
conversa em francês, mas primeiro preciso relembrar a língua.
Pois ela tinha
comprado um sofá pela internet: lindo modelo, elegante e muito confortável .
Mas a cor . ...que decepção! Pelo menos no ambiente daquele living parecia
entristecer e desmerecer o entorno, e a si mesmo.
Primeiro disse:
- Busque sua alegria
dentro primeiro e deixe que” o resto lhe seja acrescentado”-. Ou seja, quando
estamos contentes nossa tendência é fazer escolhas que refletem e reforçam esse
estado; e quando não estamos contentes, também.
Mas e agora? A escolha
já tinha sido feita e lá estava aquele sofá:
um gigante distinto na forma e não tão
distinto num cinza pálido que desentoava
com o entorno.
Cheguei a sugerir colocar umas almofadas de
outra cor, mas ela insistia que queria uma nova cor e não abriria mão disso. E
eu, automaticamente, voltei a dizer:
- Busque a sua
elegância e alegria dentro primeiro.
Sim, busque primeiro dentro.
Mas o que fazer com aquele monstro que
foi escolhido impensadamente antes?
Bem, ela foi sábia e
chamou o tapeceiro. Trocaria o tecido por uma cor de seu agrado: talvez um
marrom claro ou caramelo.
Sim, aquela escolha
tinha sido feita num momento de fragilidade: um pouco adoentada, estressada e preocupada.
E resultou nisso: um produto insatisfatório. E agora que ela estava bem e
desejosa que seu ambiente também refletisse harmonia? Pois reconheço que ela foi muito acertada:
- Quero mudar a cor e vou mudar a cor. Não
importa se o sofá é novo e se o preço é caro. Agora eu estou bem e quero outra cor – afirmou com
firmeza.
,
Quantas vezes não
fazemos escolhas pouco felizes em momentos de stress, tristeza ou
aborrecimento? Ou simplesmente de falta
de informação . E depois, o que fazer
com o elefante branco, amarelo ou cor-de-rosa que já não serve mais, ou nunca serviu?
Tenho que viver com isso até o resto dos meus dias ou dos dias do sofá? E um
sofá dura bastante tempo, especialmente de boa qualidade.
- Obrigada, Esther.
Você está absolutamente certa!
Só porque escolhi num momento de
vulnerabilidade, não sou obrigada a viver com isso até o fim dos meus dias, ou
da coisa .
E ainda que tenha sido uma escolha satisfatória por algum
tempo, mas não mais agora, sempre tenho o direito de escolher novamente .
Para trocar um sofá
mal escolhido basta ter um pouco de dinheiro, tempo e um bom profissional para
realizar a tarefa. Então é uma simples questão de ter os meios, ou de cria-los.
E quando essas escolhas – ou o produto delas, feito num momento não tão lúcido
– parecem estar lá nos distorcendo o senso estético e a alegria, o que fazer
com esses restos? E estamos falando de coisas muito mais complexas que um sofá:
relacionamentos, pets, carreiras, viagens, casas , religião, etc.
Escolhemos mal, e agora? Mudamos de ideia, e
agora?
Suponho que como escolhedores, não importa se de móveis , relacionamentos ou imóveis,etc temos a todo instante a liberdade de refazer e melhorar nossas escolhas; ou pelo menos de continuar tentando.
Mas para isso é
preciso parar de idolatrar os produtos “mortos” de escolhas ( sempre passadas)
que já não encaixam – ou nunca encaixaram – num contexto de felicidade e bem estar; e voltar-se para a
Mente/mente viva e livre que sempre pode escolher o Bem/o Bom; e ao fazê-lo mover-se para esferas
(frequências/condições) superiores que vão naturalmente refletir,
sintonizar e manifestar esse novo estado.